segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Presidente de Saia e Batom


Cada vez mais as mulheres lutam para ocupar cargos nos altos escalões do governo. E estão conseguindo. Só que agora elas querem mais: estão chegando à presidência de seus países.


por L Paulo Castro

colaboração: João Gabriel Gomes Pereira


Há muito tempo as mulheres vêem ocupando cargos importantes no cenário político. A visibilidade delas, na maioria das vezes, aparece mais frequentemente em cargos eletivos das Casas Legislativas Federais, Estaduais e Municipais.


Já no Poder Executivo, a presença feminina é mais tímida, conquistada nas secretarias ou ministérios, chegando até mesmo aos cargos máximos, como os de prefeitas e algumas governadoras. Porém, o cargo politicamente mais importante assumido por uma mulher no cenário diplomático de um país é o de primeira-dama de estado - a esposa do presidente. Mas isto já não é mais uma regra seguido à risca por elas, pois cada vez mais estão almejando o cargo máximo da Administração Pública de seus países, deixando a figura de cônjuge do comandante para elas mesmas guiarem o barco.


Nos Estados Unidos, a ex-primeira-dama Hillary Clinton representou durante os oito anos do governo do seu marido Bill Clinton, a esposa do homem mais poderoso do mundo, chegando até mesmo a enfrentar a traição do marido com uma estagiária, e o perdoando em público.


Após a era Clinton, o partido Democrata do casal perdeu a Casa Branca para a oposição conservadora do partido Republicano, possibilitando a ascensão de George Bush à presidência dos EUA e todas as conseqüências que isto causou ao país e ao mundo, em função das novas políticas exercidas pelo novo governo.


Desta forma, a senhora Clinton se elegeu para o Senado e, em pouco tempo, passou de ex-primeira-dama traída pelo marido à senadora mais importante de seu país. Ao longo dos mandatos Bush, foi conquistando o espaço de principal líder de oposição, e também do partido Democrata, culminando em uma grande pré-candidatura à presidência americana. Embora tenha perdido a indicação do partido para o colega Barack Obama, Hillary foi a primeira mulher a ter chances reais de chegar à presidência da maior potência econômica do planeta. Porém agora, com Obama eleito, Hillary ocupará o cargo de Secretária de Estado, que pertence à Condoleezza Rice.


Porém, não muito longe das terras brasileiras, atualmente elas já são um fato na presidência de alguns países da América Latina. Em 2006, a socialista Michelle Bachelet assumiu a presidência do Chile, sendo a primeira figura feminina a ocupar este cargo em seu país. Mas antes, em 2002, durante o governo do então presidente Ricardo Lagos, ela foi nomeada Ministra da Defesa, primeira mulher a receber este cargo na América Latina.


No final do ano passado, foi a vez da Argentina devolver a presidência a uma mulher. Cristina Kirchner, esposa do então presidente Nestor Kirchner, foi a primeira presidenta eleita pelo voto em nosso país hermano.

Porém, o Brasil não esta fora dessa onda de mulheres na presidência. Nesta mesma década, nas eleições presidenciais de 2002, senadora e filha de ex-presidente, Roseana Sarney, foi uma das grandes apostas do então PFL - atual DEM – de eleger um presidente, no caso, presidenta. E nas últimas, em 2006, pelo recém criado PSOL, a senadora alagoana Heloísa Helena foi a terceira colocada na corrida ao planalto, que acabou por reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Um indicativo desta ascensão feminina em postos de relevância do país foi constatado em 2006, com a indicação da gaúcha Ellen Gracie à presidência do Supremo Tribunal Federal, consagrando-se como a primeira mulher a assumir o cargo que equivale ao de Presidente da República no Poder Executivo. Aliás, registre-se que a Ministra Ellen quase foi a primeira a assumir interinamente a presidência da República por ocasião em que estariam em viagem o presidente, e seus três sucessores (vice-presidente, presidente do senado e presidente da câmara). Ainda, a Suprema Corte brasileira conta com outra mulher no seu plenário composto por 11 julgadores: Carmen Lúcia Antunes Rocha, de Minas Gerais.


A deputada federal pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, acredita que o avanço da presença da mulher no poder e resultado da militância feminina ao longo dos anos, mas que ainda está distante do ideal: “"Primeiro eu vejo essas conquistas de espaço de poder como resultado de uma luta que vem há séculos, não só no Brasil, mas no mundo todo, embora a participação feminina esteja muito aquém do que representamos na sociedade”.


Para a deputada, a mulher no poder é essencial na luta delas, pois “sem a conquista de poder, nossos direitos e, inclusive, a luta pela igualdade, contra a discriminação e contra o machismo, ficam limitados”


Maria Lygia Quartim de Moraes, professora de Sociologia da Unicamp, acredita que a grande barreira, para elas no poder, é financeira: "Apenas 4% da riqueza do mundo está nas mãos de mulheres. E riqueza e poder têm tudo a ver", afirma a professora ao comentar a lentidão da ascensão feminina. E completa: “Tem o conservadorismo, também. Então, as coisas vão mesmo devagar”.


Atualmente, mesmo com acusações em escândalos de corrupção, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é especulada e sondada como provável sucessora de Lula na presidência.


Portanto, uma coisa é certa: se não for a ministra, alguma outra surgirá com o mesmo potencial. Seja em 2010 ou na próxima oportunidade.

sábado, 11 de outubro de 2008

Mídia ignora pequenos candidatos à prefeitura de São Paulo


São concorrentes por partidos minúsculos e com poucos minutos, quando não segundos, no horário eleitoral gratuito; além de escassa verba para campanhas.


A cidade de São Paulo teve onze candidatos disputando a prefeitura. Destes, apenas oito tiveram maior visibilidade na imprensa, seja ela televisiva, radiofônica ou mesmo a impressa. Nos debates, três candidatos foram excluídos da discussão.


Os chamados “candidatos nanicos” são de partidos pouco conhecidos. Geralmente não têm coligação, são em grande parte ligados à esquerda e com projetos e propostas polêmicas, além de forte discurso ideológico.


Mas mesmo pouco representativos, muitos já incutiram no subconsciente coletivo sua marca, algum jingle ou proposta marcante. É o caso do jornalista e candidato Levy Fidelix, do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), que há doze anos propõe a construção do famoso Aerotrem.


Com o slogan “Prefira o original, o resto é cópia”, Fidelix baseou sua campanha no polêmico projeto de trens suspensos, na criação de um banco central do município e de um paço municipal: “Vamos destruir a cracolândia (próxima à estação da Luz) e construir prédios com todas as secretarias municipais”, propôs o candidato, complementando a proposta de revitalização do centro da capital.


O candidato se diz vítima de outros. Eles teriam roubado sua idéia e nunca dado crédito a Fidelix: “O que o Covas chamou de Rodoanel, muito antes eu já falava do mesmo projeto, só que com o nome de anel viário”, reclamou Fidelix.


Questionado sobre o seu nome não ter sido citado nas pesquisas de intenção de voto, ele acusa os institutos de realizarem pesquisas indutivas que servem aos grandes partidos: “Não é possível que uma pessoa ouvida possa representar a vontade de 13 mil eleitores de São Paulo”, criticando o fato de que cada eleitor ouvido pelas pesquisas represente o total de 13 mil eleitores.


Além disto, critica o sistema eleitoral dizendo que não é democrático, pois apenas os grandes partidos ou coligações conseguem tempo maior na televisão para defender suas propostas. Com 5,5 mil votos, foi o oitavo colocado no dia 5 de outubro.


Já o PCO (Partido da Causa Operária) apresentou uma terceira mulher na disputa pela prefeitura, Anaí Caproni. Técnica em eletrônica, a candidata disse não acreditar em mudanças através do voto e pelas eleições. Sua campanha foi baseada na manifestação de idéias e ideologias do partido, e não em propostas específicas para a cidade de São Paulo.


Claramente não era uma candidatura que visava eleger-se, mas sim criticar o atual sistema de eleições. Questionada sobre não esperar ser eleita, ela provoca: “Quem espera quebrar o monopólio dos grandes (partidos) neste processo eleitoral?


Anaí justificou a intenção de sua candidatura explicando que quer esclarecer a população sobre o sistema eleitoral: “O processo eleitoral está viciado. Não é possível efetuar mudanças pelo voto”. Concluiu dizendo que alterações na sociedade e na política só serão possíveis com uma “mobilização popular”. Caproni foi a última colocada nas eleições, com 1,6 mil votos.


Também na mesma linha esquerdista, o histórico PCB (Partido Comunista Brasileiro) teve o jornalista e economista Edmilson Costa como candidato. Sob o lema de “Governança Comunista” para São Paulo, ele explanou sua proposta em “resgatar a cidade como um espaço público e seus equipamentos para chegar a uma sociedade socialista; com o poder popular.”


“O sistema público é melhor que o privado. O privado visa o lucro, o público serve a sociedade”. Com esta idéia, pretendia democratizar o transporte coletivo - através da criação de uma empresa municipal – com a elaboração, do que ele chamou, de “veículos leves sobre trilhos”, semelhantes aos bondes.


Sobre as eleições, declarou: “O nosso partido não acredita que vai fazer a revolução (socialista) através das eleições”. Porém, diz participar do processo por acreditar que é um espaço democrático onde há a condição de organizar a população. Concluiu dizendo que: “É uma forma de fazer com que as pessoas entendam as propostas socialistas e que há uma alternativa não-burguesa de governança”. O candidato do PCB, com 4,3 mil votos, ficou na oitava posição.


Outras quatro pequenas candidaturas concorreram ao gabinete municipal. Com 4% dos votos válidos, a vereadora Soninha Francine ,do PPS, ficou em quinto lugar. E com quase 1%, o deputado Ivan Valente, do PSOL, em sexto. Além de Renato Reichmann, do PMN, em sétimo e Ciro Moura, do PTC, em décimo.


Eles, por terem os nomes citados ao menos uma vez nas pesquisas de opinião, ganharam maior visibilidade na mídia que os demais nanicos. Por este fato, tiveram o direito de participarem dos debates na televisão (segundo regra desta), e assim puderam expor a um número maior de pessoas suas idéias e propostas.


Além dos sete citados nesta reportagem, disputam as eleições paulistanas - em ordem de apuração – o democrata Gilberto Kassab (primeiro colocado), a petista Marta Suplicy (2º), o tucano Geraldo Alkmin (3º), além do candidato do PP, Paulo Maluf, na quarta colocação geral dos votos válidos.

Reportagem feita para a matéria "
TECNICAS DE REPORTAGEM, ENTREV E PESQUISA EM JORNAL", do mês outubro de 2008.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Personal Che - Documentário contextualiza o mito do Comandante



O documentário Personal Che não tem a pretensão de negar a humanidade do revolucionário Ernesto Che Guevara e muito menos enaltecê-lo como “salvador” do mundo. Com uma proposta simples, o diretor sai mundo a fora registrando o que representa a figura de Che em diferentes países com contextos econômicos,sociais e políticos distintos.

Na Bolívia, onde foi morto – provavelmente pela CIA -, Guevara é, literalmente, cultuado como um Santo; pessoas rezam para ele, assim como para o próprio Jesus Cristo. O local onde o corpo foi encontrado, deitado e ainda com os olhos abertos, exposto para o mundo, registrado em vídeo e fotos, hoje é um verdadeiro santuário. Pessoas visitam o lugar como se visitassem a tumba do mártir cristão.


O documentário deixa claro que a imagem de guerrilheiro, comunista ateu e soldado que manejava armas de fogo, é algo bem distante do conhecimento do povo boliviano que o cultua. Talvez, um dos registros mais belos do vídeo, é o choque de uma devota de Che ao ouvir que ele era ateu; de que o comandante descria no cristianismo,Jesus ou Deus. Os olhos da senhora simples denunciam a profunda desilusão com o paradoxo de sua fé.


A passagem por Cuba, como não diferente do que imaginamos, retrata o grande herói da revolução. O sonhador que deixou o país de origem (Che era Argentino de nascença, mas “latino-americano de coração e alma”, como ele mesmo dizia) para lutar pela liberdade e pela justiça do povo cubano. Um ídolo, que não pode e não deve ser esquecido. Cultuado e admirado no país inteiro. Um exemplo a ser seguido, ou a ter como filho. É o caso de Ernestito, mostrado no filme, uma criança educada pelo pai a ser tão íntegro quanto Guevara.


É na ilha cubana que ocorre outro ponto marcante do filme, mais um em que uma simples informação, ou foto no caso, vai de encontro à imagem do mito. O pai de Ernestito, como toda a família, fica abalado ao ser apresentado a foto clássica do Che morto. Segundo ele, nunca vira ou mesmo ouvira falar daquele registro. As feições destes cubanos são como um verdadeiro soco no estômago. Mesmo depois de 40 anos morto, a foto macabra de Guevara nunca foi apresentada ao seu povo; ao povo cubano, que arduamente digeriu a notícia dada por Fidel Castro, quatro décadas atrás, que um dos principais responsáveis da Revolução havia sido morto pelo imperialismo estadunidense.

Na Alemanha, o socialista/comunista Che Guevara é igualado ao nazista/fascista Adolf Hitler, que comandou a execução de, pelo menos, 6 milhões de pessoas, vítimas da xenofobia do líder alemão e por um projeto de construção de um país de raça pura;ariana. Nada de tolerância ou união de povos e raças, neste contexto alemão, Che é colocado como um revolucionário e que morreu por um ideal, tal como Hitler.

Já nos Estados Unidos, o choque de latino-americanos esquerdistas com cubanos anticastristas finaliza o filme, contextualizando a grande discussão em torno do mito e da imagem - uma das mais reproduzidas do mundo - que Ernesto Che Guevara representa no contexto atual. De um lado, amado, idolatrado e modelo de exemplo, que incentiva pessoas e corações em busca de um mundo melhor; o da conquista da utópica justiça social. Do outro lado, um assassino e bandido que ajudou Fidel Castro a implantar uma das mais duradouras ditaduras do planeta.


Independente da orientação ideológica do espectador, o filme parece conseguir feito raro quando se trata do fenômeno Che: imparcialidade. Da mesma forma que o adorador de Che Guevara se sentirá incomodado ao ver retratado o comandante violento, o que detesta não gostará de ver o lado humano e romântico que teve o médico argentino.

Certamente o documentário Personal Che cumpre o seu papel, o de tentar documentar um fato: o fenômeno criado entorno de um homem.



Sobre o Filme:

Personal Che, EUA/Colômbia/Brasil 2007 - 90 min. – Livre.
Gênero: Documentário
Direção: Douglas Duarte e Adriana Mariño.
Distribuição: Filme do Estação
http://www.personalche.com/
http://personalche.blogspot.com/

Em exibição no Cine Bombril, São Paulo. Mais informações: www.cinebombril.com.br

domingo, 30 de março de 2008

Uma Ilha para Raúl !?



Havana-Cuba, 18/02/08, escrevia-se lá uma carta que seria, certamente, a notícia mais comentada durante o dia seguinte pelo mundo. Poderia ser, então, mais uma terça-feira pacata, sem muita novidade, com a mesma rotina de 49 anos atrás, como se o tempo não tivesse passado, cujas rugas nos rostos da “velha-guarda cubana” comprovam a realidade dos anos vividos, se não fosse uma publicação especial no Granma, o principal jornal da ilha.

Era uma carta do presidente Fidel Castro Ruz, 81 anos. Nela, ele dizia, “- Não aspirarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Chefe e Comandante-em-Chefe”. Era exatamente o afastamento oficial da cena política de um dos maiores mitos do socialismo mundial. Amado, temido, idolatrado, julgado, herói e imortal, “El Comandante” – em virtude da frágil saúde, pública desde 2006 – passa o “trono” da ilha ao irmão Raúl Castro Ruz.

Aos 76 anos, o novo presidente é comandante das F.A.R(Forças Armadas Revolucionárias) desde o início da revolução. Participou de forma profunda em todos os processos revolucionários. Porém, o intrigante é: o que fará Raúl agora que é o comandante máximo do Governo Revolucionário? Sem dúvida, é uma difícil previsão, mas há motivos suficientes que indicam mudanças futuras em Cuba.


O caçula dos irmãos Castro é visto como o mais democrático e aberto ao diálogo quando se trata de mudanças econômicas no governo, levando esperança de real prosperidade na ilha caribenha. É a novidade que o povo cubano anseia, de que Raúl, mesmo sendo da velha-guarda, leve o país ao desenvolvimento econômico, sendo mais liberal e possibilitando uma abertura para o cenário global.


Segundo a professora de Jornalismo Político e América Latina da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Maria Aparecida Pascal, o que Raúl provavelmente quer é abrir a economia cubana, mas preservando as conquistas sociais da revolução, como o baixo índice de analfabetos e a avançada medicina lá desenvolvida. Para ela, é quase certo que Cuba fará uma transição “aos moldes chinês”, ou seja, uma economia de mercado com o sistema político fechado. Ela reitera, ainda, que possíveis avanços só poderão ocorrer com o fim do bloqueio econômico americano, imposto desde a crise dos mísseis, em 1962. Tal medida político-repressora causou o empobrecimento e a sucateamento daquele país após o fim do auxílio econômico – no início dos anos 90 – dado pela então União Soviética.

Mas Raúl sempre foi marxista de carteirinha, e é difícil acreditar que ele vá mudar sua ideologia. Isto ficou claro em discurso recente: “Só o socialismo é capaz de vencer as dificuldades e preservar conquistas de quase meio século de revolução”. Tal fato pôde ser observado pelo intelectual brasileiro, Frei Betto, que voltara de um recente encontro com Raúl, declarando: “Não há sintomas, em Cuba, de setores significativos interessados na volta do capitalismo. Raúl, desde o ano passado, mobilizou a sociedade para fazer criticas à revolução”. E finalizou defendendo o sistema cubano: ”- Haverá reformas para aprimorar, e não renegar, o socialismo”. Afirmou o histórico esquerdista brasileiro.

De fato, o que Cuba precisa agora, nesta oportunidade histórica, é a modernização geral da ilha. Atualizar a política, as ideologias, a agricultura, os sistemas comerciais, sociais e urbanos, além de sintonizá-los com a riqueza ímpar construída pelos cubanos neste meio século de Revolução.



PS:Este texto foi publicado, de forma adaptada, na edição de abril de 2008, no jornal "DizFoca".